Os 10 desafios que afetarão o ambiente de negócios no México

  • Temáticas
    Publicações e Relatórios

Pouco mais de dois anos depois do término do governo do presidente López Obrador e de definida a duração da autodenominada “Quarta Transformação”, o México atravessa um cenário complexo caracterizado por um clima incerto para o setor privado. Assim é o início do relatório “México: Situação e Perspectiva para 2023” elaborado pela LLYC, empresa global especializada em comunicação, marketing e relações públicas, contando com a colaboração da EMANT Consultores.

Mauricio Carrandi, diretor geral da LLYC México, prevê que “teremos decisões públicas cada vez mais orientadas a uma lógica eleitoral, que seguirá abrindo frentes na atuação das organizações, reduzindo cada vez mais as margens de reação e adaptação”.

Depois de uma análise multidisciplinar, os especialistas identificam e estudam os 10 fatores de risco mais relevantes no México este ano, que vão da perspectiva econômica à conversa digital sobre temas sociais. A LLYC propõe às organizações e indivíduos que avaliem logo esses riscos para que tenham maiores margens de previsão e prevenção de modo a influenciar um ambiente favorável.

Por sua vez, Marilyn Márquez, Diretora de Assuntos Públicos da LLYC México, insiste que “administrar o contexto em vez de simplesmente reagir permitirá que as organizações tenham mais segurança no penúltimo ano do governo Obrador diante de um aumento significativo da radicalização em todas as esferas da vida nacional”.

Após três anos de edições consecutivas deste Relatório, estes são os 10 temas que fazem parte da agenda de riscos para 2023, e que configuram o cenário de atuação das organizações:

1. Situação e perspectiva econômica: a reconfiguração do comércio mundial resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia não só causou escassez e inflação no México, mas também pouco crescimento. Parece pouco provável que as condições estruturais da economia mexicana e as políticas públicas atuais ajudem a superar esse desafio com sucesso e rapidez.

2. Debilidade institucional e degradação da democracia: a conjuntura política atual tem se caracterizado pelo domínio de uma narrativa pró-governo que obscurece a separação de poderes e os contrapesos, bem como a autonomia de órgãos independentes, gerando preocupações quanto ao estado democrático.

3. Processo eleitoral local de 2023: O procedimento e os resultados das eleições estaduais deste ano podem expor as fragilidades da democracia mexicana mediante o hiperpresidencialismo e a capacidade de mobilização do partido da situação, servindo, ao mesmo tempo, de preâmbulo para as eleições presidenciais de 2024.

4. Sucessão presidencial: provavelmente, o tema que monopoliza maior espaço nas agendas públicas e políticas pode gerar tensões no interior de Morena e desviar a atenção de outros assuntos de interesse público que são fundamentais para que o saldo do semestre seja positivo.

5. Militarização: o fortalecimento do papel das Forças Armadas em atividades alheias à segurança pode ser considerado uma das principais preocupações da população e das organizações da sociedade civil, uma vez que limitaria a transparência e a prestação de contas em setores essenciais do âmbito público.

6. Estado de direito e incidência criminal: embora o empoderamento das corporações militares seja resultado da necessidade de combater a insegurança, os números indicam que ele aumentou em alguns aspectos, como corrupção, homicídios ou roubo de combustível, o que, por sua vez, levou a mais impunidade e perdas econômicas.

7. Relação México-Estados Unidos: apesar do diálogo para atender às consultas em questões de energia dentro do T-MEC e das divergências sobre a política agroalimentar do presidente López Obrador, o fato de não surgir uma resolução no começo do ano durante a Cúpula de Líderes da América do Norte põe à prova esses relacionamentos e aumenta a incerteza no setor privado dos dois países.

8. Pressões sociais: o descaso do governo com problemáticas como o acesso aos serviços de saúde, o progresso na agenda de gênero ou os altos custos de vida são alguns temas que ameaçam aumentar as evidentes tensões sociais do país.

9. Crise hídrica e disponibilidade de recursos naturais: as mudanças climáticas e a escassez de água, como uma de suas consequências, colocam em risco populações vulneráveis e evidenciam a necessidade do governo federal de promover estratégias que tragam segurança hídrica, como a criação de uma nova Lei Geral de Águas com ênfase nos direitos humanos.

10. Ativismo digital e polarização: a relevância cada vez maior do ativismo digital no México tem comprometido a maneira como as conversas são conduzidas e as ideias são condicionadas. Assuntos como liberdade de expressão, feminismo ou racismo são alguns dos mais polarizados no México, e o risco está em não promover áreas de interação sem vieses ou preconceitos na sociedade.

Leia o relatório na íntegra aqui.